Todos os anos, o cenário do Centro muda no verão e todos os anos funcionários, colabores, utentes veem os pequenos “pulos” das crianças
que por aqui passam. Vemo-las crescer. Desde pequeninos com os bonezinhos amarelos até ao honroso boné azul de “crescido”,
e finalmente a ultima etapa de monitor ou animador.
Fator “X”
Mas o que os faz vir anos a fio? Sem praia nem piscina, o que mantém estas crianças felizes entre estes muros cor-de-rosa do Centro Comunitário, todos os verões? O que os faz dizer aos pais, todos os anos sem hesitar, que querem ir para a Porta Aberta? O ÁGORA foi tentar saber qual é o fator “X” que a Porta Aberta oferece.
Rebeca Esberard está na Porta Aberta desde os 6 anos. Passou pelo boné amarelo, verde, vermelho e azul. Hoje é monitora e ainda usa um boné. Mas
o laranja, que já indica maturidade e responsabilidade. Diz que veio todos os anos porque gostava dos amigos que tinha cá e da amizade que tinha com certos monitores. “Sabia que os amigos que tinha feito no verão passado estavam cá no ano a seguir”, relembra.
“Todos de forma igual”
Filipa Rodrigues, também monitora, diz que gostou imenso quando participou na Porta Aberta e que tenta passar isso aos que estão cá agora. “O ambiente é fantástico, as pessoas dão-se muito bem e, acima de tudo, as crianças gostam”, afirma. E porquê? Filipa tem uma opinião muito vincada sobre isso: “Mesmo que existam diferenças sociais, nós aqui colocamos isso
tudo de parte e tratamos todos de forma igual. Não se notam diferenças e é um espírito que não existe em muitos sítios. Já passei por alguns ATL e não há mesmo como este. Aqui toda a gente fala com toda a gente. Isso ajuda os mais velhos e os mais novos no seu desenvolvimento pessoal. Nos outros sítios as idades são bem definidas e não se misturam”.
Com 16 anos, Filipa começou cá nos “verdinhos” e foi até aos “azuis”. Interrompeu um ano e foi logo no ano a seguir monitora voluntária. Lembra-se que o tempo passava sem dar conta: “nós entrávamos cá de manhã e
quando dávamos por nós já estávamos a almoçar e depois era um saltinho até à tarde. Eu passava cá um mês e meio, dois meses e… passava sempre muito rápido”.
Uma verdadeira casa
Sara Silva não participou “como criança” mas está há 6 anos como monitora e há um ano como animadora. “Para mim o que me faz voltar são os miúdos”,
diz sem hesitar. E com a mesma determinação diz que o fator de diferenciação é um “ambiente familiar”. “Aqui eles não são números. Cada um é um e toda a gente se conhece. Voltam todos os anos e todos os anos vemos a sua evolução. Não é um daqueles sítios que ‘quanto mais melhor’. É um ambiente fechado, é um ambiente nosso”.
Sara destaca também que acompanhar o crescimento das crianças “É fantástico”: “Este ano, pela primeira vez há miúdos que já são monitores e eu já os acompanhava desde os “verdes”. Olhar para eles e ver que chegaram ao ‘meu’ patamar é qualquer coisa… é muito giro. Faz-lhes bem.”
Quando lhe pedimos para caraterizar a Porta Aberta numa palavra, Sara tem sérias dúvidas: “Se fossem duas era uma ‘segunda casa’, sendo uma… é ‘casa’. Acaba por ser uma casa. Estamos aqui tanto tempo todos os dias, 5 dias por semana… é a casa deles. E nós somos a família”.
Regras e liberdade
Tiago Espírito Santo também já tem 10 anos de Porta Aberta. Tantos que nem se lembra se começou nos “amarelos” ou nos “verdes”. Já é monitor há
cinco anos e diz que o segredo está no ambiente: “criam-se amizades novas”. Mas diz que a principal diferença está na forma de estar dos monitores e crianças: “Acho que somos, de certa forma, liberais, mas temos as regras bem implementadas. As crianças sabem e cumprem as regras, mas podem brincar à vontade delas. Têm alguma independência e gostam disso”.
A independência é também um fator apontado por Natacha Oliveira, mãe do Vasco, um “amarelinho” da Porta Aberta. “Acho que eles estão muito à vontade e são livres de fazer as suas escolhas. Há uma grande variedade
de atividades que não são obrigatórias e, portanto eles podem optar”.
Desde o primeiro minuto na Porta Aberta, Natacha notou logo um entusiasmo diferente no filho: “Em casa, conta-me o dia com pormenores, ensina-me jogos novos, canções…”. A mãe tem uma teoria quanto
à razão de tanto entusiasmo: “acho que ele se vê num espaço que não é habitual e ele próprio fica contente de se saber desenvencilhar. E gosta
de criar novas amizades e de reparar que as consegue criar num espaço que lhe é estranho”.
Mas ainda atira outra possibilidade: “acho que o facto de os monitores serem jovens (ou pelo menos não serem todos só adultos como eles estão habituados na escola) faz com que as crianças os admirem e queiram um dia
estar no lugar deles”.
De “criança” a monitor
É o que acontece com o Tomás, a Ana Sofia e a Patrícia. Todos de boné azul, sabem que têm os dias contados como “criança” na Porta Aberta. Mas todos
querem voltar assim que puderem como monitores. Acima de tudo, consideram a Porta Aberta como bem mais do que um simples ATL: “É um sítio familiar, como se fosse uma segunda casa”, diz Patrícia.
Segunda casa ou não, Natacha Oliveira continua espantada pelo efeito que estas atividades têm no filho: “Ele fica viciado. Passou cá 4 semanas, e no último dia saiu estava triste sem que eu percebesse porquê. Até chorou! Então ainda houve possibilidade de ficar mais uma semana. Eu até queria que ele ficasse uns dias em casa a descansar, fora da rotina de acordar
cedo, mas isso pelos vistos não é problema para ele desde que seja para vir para aqui!”.
que por aqui passam. Vemo-las crescer. Desde pequeninos com os bonezinhos amarelos até ao honroso boné azul de “crescido”,
e finalmente a ultima etapa de monitor ou animador.
Fator “X”
Mas o que os faz vir anos a fio? Sem praia nem piscina, o que mantém estas crianças felizes entre estes muros cor-de-rosa do Centro Comunitário, todos os verões? O que os faz dizer aos pais, todos os anos sem hesitar, que querem ir para a Porta Aberta? O ÁGORA foi tentar saber qual é o fator “X” que a Porta Aberta oferece.
Rebeca Esberard está na Porta Aberta desde os 6 anos. Passou pelo boné amarelo, verde, vermelho e azul. Hoje é monitora e ainda usa um boné. Mas
o laranja, que já indica maturidade e responsabilidade. Diz que veio todos os anos porque gostava dos amigos que tinha cá e da amizade que tinha com certos monitores. “Sabia que os amigos que tinha feito no verão passado estavam cá no ano a seguir”, relembra.
“Todos de forma igual”
Filipa Rodrigues, também monitora, diz que gostou imenso quando participou na Porta Aberta e que tenta passar isso aos que estão cá agora. “O ambiente é fantástico, as pessoas dão-se muito bem e, acima de tudo, as crianças gostam”, afirma. E porquê? Filipa tem uma opinião muito vincada sobre isso: “Mesmo que existam diferenças sociais, nós aqui colocamos isso
tudo de parte e tratamos todos de forma igual. Não se notam diferenças e é um espírito que não existe em muitos sítios. Já passei por alguns ATL e não há mesmo como este. Aqui toda a gente fala com toda a gente. Isso ajuda os mais velhos e os mais novos no seu desenvolvimento pessoal. Nos outros sítios as idades são bem definidas e não se misturam”.
Filipa Rodrigues
Com 16 anos, Filipa começou cá nos “verdinhos” e foi até aos “azuis”. Interrompeu um ano e foi logo no ano a seguir monitora voluntária. Lembra-se que o tempo passava sem dar conta: “nós entrávamos cá de manhã e
quando dávamos por nós já estávamos a almoçar e depois era um saltinho até à tarde. Eu passava cá um mês e meio, dois meses e… passava sempre muito rápido”.
Uma verdadeira casa
Sara Silva não participou “como criança” mas está há 6 anos como monitora e há um ano como animadora. “Para mim o que me faz voltar são os miúdos”,
diz sem hesitar. E com a mesma determinação diz que o fator de diferenciação é um “ambiente familiar”. “Aqui eles não são números. Cada um é um e toda a gente se conhece. Voltam todos os anos e todos os anos vemos a sua evolução. Não é um daqueles sítios que ‘quanto mais melhor’. É um ambiente fechado, é um ambiente nosso”.
Sara Silva e Rebeca Esberard
Sara destaca também que acompanhar o crescimento das crianças “É fantástico”: “Este ano, pela primeira vez há miúdos que já são monitores e eu já os acompanhava desde os “verdes”. Olhar para eles e ver que chegaram ao ‘meu’ patamar é qualquer coisa… é muito giro. Faz-lhes bem.”
Quando lhe pedimos para caraterizar a Porta Aberta numa palavra, Sara tem sérias dúvidas: “Se fossem duas era uma ‘segunda casa’, sendo uma… é ‘casa’. Acaba por ser uma casa. Estamos aqui tanto tempo todos os dias, 5 dias por semana… é a casa deles. E nós somos a família”.
Regras e liberdade
Tiago Espírito Santo também já tem 10 anos de Porta Aberta. Tantos que nem se lembra se começou nos “amarelos” ou nos “verdes”. Já é monitor há
cinco anos e diz que o segredo está no ambiente: “criam-se amizades novas”. Mas diz que a principal diferença está na forma de estar dos monitores e crianças: “Acho que somos, de certa forma, liberais, mas temos as regras bem implementadas. As crianças sabem e cumprem as regras, mas podem brincar à vontade delas. Têm alguma independência e gostam disso”.
Tiago Espírito Santo
A independência é também um fator apontado por Natacha Oliveira, mãe do Vasco, um “amarelinho” da Porta Aberta. “Acho que eles estão muito à vontade e são livres de fazer as suas escolhas. Há uma grande variedade
de atividades que não são obrigatórias e, portanto eles podem optar”.
Desde o primeiro minuto na Porta Aberta, Natacha notou logo um entusiasmo diferente no filho: “Em casa, conta-me o dia com pormenores, ensina-me jogos novos, canções…”. A mãe tem uma teoria quanto
à razão de tanto entusiasmo: “acho que ele se vê num espaço que não é habitual e ele próprio fica contente de se saber desenvencilhar. E gosta
de criar novas amizades e de reparar que as consegue criar num espaço que lhe é estranho”.
Mas ainda atira outra possibilidade: “acho que o facto de os monitores serem jovens (ou pelo menos não serem todos só adultos como eles estão habituados na escola) faz com que as crianças os admirem e queiram um dia
estar no lugar deles”.
De “criança” a monitor
É o que acontece com o Tomás, a Ana Sofia e a Patrícia. Todos de boné azul, sabem que têm os dias contados como “criança” na Porta Aberta. Mas todos
querem voltar assim que puderem como monitores. Acima de tudo, consideram a Porta Aberta como bem mais do que um simples ATL: “É um sítio familiar, como se fosse uma segunda casa”, diz Patrícia.
Segunda casa ou não, Natacha Oliveira continua espantada pelo efeito que estas atividades têm no filho: “Ele fica viciado. Passou cá 4 semanas, e no último dia saiu estava triste sem que eu percebesse porquê. Até chorou! Então ainda houve possibilidade de ficar mais uma semana. Eu até queria que ele ficasse uns dias em casa a descansar, fora da rotina de acordar
cedo, mas isso pelos vistos não é problema para ele desde que seja para vir para aqui!”.
Susana Teodoro
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