quinta-feira, novembro 22, 2012

terça-feira, novembro 13, 2012

Ana Sá Pessoa: De cliente a voluntária compradora


Começou por ajudar o Centro Comunitário de Carcavelos fazendo uma das coisas de que mais gosta: compras. Durante meses, Ana Sá Pessoa foi cliente assídua da Feira Stock Social, juntando o prazer das compras ao sentimento de estar a contribuir para ajudar quem mais precisa.
Mas o gosto que sempre teve por ajudar aproximou-a das voluntárias, a quem dava uma mãozinha sem vínculo formal. Pouco a pouco acabou por se tornar também ela voluntária do Centro.
Desde há um ano, é voluntária com cartão e está na loja Stock Social à segunda e à sexta-feira de manhã e na Feira Stock Social à terça-feira à tarde e à quarta de manhã.
Mas mesmo do lado de lá do balcão, não resiste a fazer as suas compras.
“Faço voluntariado e ao mesmo tempo sou uma compulsiva compradora”, diz Ana Sá Pessoa a rir. Admite que gasta cerca de 20 euros por semana na loja e na feira: “É um exagero, mas é outra maneira que tenho de ajudar”, afirma.
Ana reformou-se há dois anos, ao fim de 40 anos de trabalho na Função Pública. Com 57 anos, era chefe de repartição no Ministério da Saúde.
Passou pelo Hospital Egas Moniz, pelo São Francisco Xavier, pelo hospital de Torres Vedras e pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Quando se viu desocupada, decidiu dedicar-se àquilo que lhe dava prazer, incluindo fazer compras no CCPC.
Mas os primeiros meses de “liberdade” deram lugar a alguma tristeza com a falta de uma ocupação e foi então que decidiu dedicar-se ao voluntariado.
Hoje não tem dúvidas de que “está a ser muito positivo”, diz com um sorriso permanente.
Para Ana Sá Pessoa, esta ocupação tem duas vertentes: “A vertente em que ajudo a comunidade e a vertente em que me ajudo a mim”.
“É muito gratificante”.
Ana recorda que sempre teve o espírito voluntário: “Desde que me conheço que foi sempre ajudar os outros. No hospital tinha sempre maneira de ajudar, empreguei muita gente, ajudei muita gente”.
Hoje, o que mais gosta no CCPC é “o contacto com as pessoas”. Com os clientes, mas também com as colegas.
“A equipa é fabulosa, damo-nos todas muito bem. Não estamos aqui para fazer concorrência umas às outras, como quando estamos no trabalho. Aqui isso não existe”.
Admitindo que já fez muitas amigas no CCPC, Ana conta que até as colegas já se riem com a sua mania das compras: “As minhas colegas dizem: Para de comprar!”.
Mas Ana garante que não tenciona parar de aproveitar os preços “muito convidativos” da loja e da feira do CCPC.
Diz que compra roupa para ela, para a filha e para os netos, assim como artigos para a casa. E até compra coisas de que não precisa.
“Há uns dias apaixonei-me. Apareceu lá um cueiro que devia ter sido feito por uma avó. Bordadinho. Eu comprei, mesmo sem ter a quem dar. De vez em quando aparecem grávidas e eu dou”, recorda.
E entre risos acrescenta: “Às vezes digo que o Centro Comunitário ainda vai ser a causa do meu divórcio”.

Filipa Parreira (voluntária)

sexta-feira, novembro 02, 2012

Banco de Livros: Uma ideia que se transformou numa experiência de sucesso



 
A ideia partiu de um professor sem qualquer ligação prévia ao Centro Comunitário de Carcavelos, mas o Centro apoiou-a e o resultado foi um sucesso. Nas últimas semanas o Banco de Livros permitiu a troca de centenas de manuais escolares.
Tudo começou este verão, quando o professor Frederico Costa, soube, através da comunicação social, da existência de um movimento de troca de livros escolares.
“Sendo verão, e portanto férias e tempo livre, interessei-me pela ideia geral e procurei saber mais sobre o que estava a acontecer”, conta.
Ao constatar, com surpresa, que não existia qualquer Banco de Livros no concelho de Cascais, o docente decidiu agir: “Não existindo, passaria a existir”. 


Apesar de nunca ter tido qualquer relação com o CCPC, Frederico Costa sabia tratar-se de uma instituição “muito dinâmica, ativa e participativa em questões sociais” e pensou que seria a instituição ideal para colmatar as limitações que sentia a nível individual: falta de tempo e espaço, e dificuldades em transmitir credibilidade e em fazer a divulgação.
“São precisamente estas limitações que o CCPC pode facilmente contornar (…) Digamos que o CCPC tem um potencial enorme para fazer acontecer”, sublinha.
Dirigiu-se então ao Centro, que aderiu de imediato à ideia, disponibilizou o espaço e fez a divulgação, além de disponibilizar voluntários para a seleção e organização dos livros por ano escolar.
A partir daí, o processo ganhou vida. As pessoas começaram a trazer manuais escolares usados – é necessário que sejam dos últimos três anos e que estejam em bom estado – e a levar outros, sem ser preciso qualquer intervenção.
Para Frederico Costa, a iniciativa teve “uma adesão fantástica”, considerando que o banco de livros abriu na semana em que se iniciou o ano letivo, quando muitos pais já tinham comprado os livros.
Embora admita ser difícil estimar o número de livros trocados desde que abriu o banco de livros, por ser uma iniciativa “em ‘experiência’ e ‘manual’”, o professor arrisca dizer que terão sido “seguramente centenas”.


O sistema é simples: qualquer pessoa pode dirigir-se ao Banco de Livros procurar os manuais que procura e, se encontrar, pode levá-los sem qualquer encargo. Do mesmo modo, qualquer pessoa pode contribuir com os livros que tenha em casa e aos quais já não dê uso.
Os livros que não forem levados não serão desperdiçados. “A primeira hipótese” é dar os manuais a escolas que não tenham acesso a livros facilmente. “Existem associações que têm possibilidade de os enviar para países nos países africanos de língua portuguesa e estamos a trabalhar com eles para que isso aconteça”, conta Frederico Costa”.
“Alternativamente, poderemos sempre contactar com o Banco Alimentar e participar no projeto ‘Papel por Alimentos’”.
Satisfeito com os resultados deste ‘projeto piloto’, o autor da ideia garante que é uma iniciativa para repetir “e para melhorar” e admite ter “outras ideias que vão tomando forma e que promete apresentar ao CCPC.


Filipa Parreira (voluntária)