terça-feira, abril 24, 2012

Vidas com história


Já há algum tempo que Victor Coelho ouvia falar do Centro Comunitário e do que por cá se fazia, mas só há cerca de 8 meses, depois de muito incentivado pela mulher, decidiu vir pedir ajuda. Antes de tomar esse passo determinante, atravessava uma fase muito negativa na sua vida. Foi informado pelos seus médicos que tinha um cancro na bexiga, e na altura disseram-lhe que a doença já só lhe permitia ter mais 2 anos de vida. Perante esta notícia, toda a sua vida mudou. Apesar de uma tendência para o alcoolismo, conseguiu manter-se 20 anos sem beber. A notícia do problema de saúde levou-o de novo ao encontro dos maus hábitos: retomou a bebida, gastava dinheiro sem qualquer restrição, usava sem conta e medida o cartão de crédito, perdia dinheiro com o jogo… A agravar tudo isto as discussões com a mulher traziam um mau ambiente em casa. As dívidas cresciam e a situação descontrolou-se totalmente.Devido ao seu problema de saúde, foi submetido a duas cirurgias, fez quimioterapia e desde há 3 anos que a situação está controlada, continuando a manter as suas rotinas médicas.Foi com este panorama que se apresentou à Drª. Zulmira, a coordenadora  do Projecto Intervir, que prontamente lhe apresentou soluções. Encaminhou-o para a ABLA, para o Gabinete Dívida Zero, onde foi ajudado a fazer uma restruturação dos créditos. Entretanto a situação laboral da mulher também ajudou, visto que lhe foi proposta uma rescisão de contrato com indeminização, o que proporcionou a liquidação dos créditos e abrir uma conta no banco, para gerir ao longo do ano.Mais animado, e bastante motivado com a ligação que passou a ter com o Centro, foi com recurso à força e ao orgulho que, segundo afirma, o caracterizam, que conseguiu deixar de beber.Lentamente, tudo começou a voltar à normalidade. Passou a ter uma boa relação com a mulher, a quem muito admira e reconhece que sem ela, não estaria agora onde está. Para além disso, como o próprio afirma: “toda a bondade e boa vontade das pessoas que aqui trabalham e com ele convivem, transformou-o noutro ser”. Diz que agora também ele consegue ajudar os outros e compreender que tem que haver regras a cumprir na sociedade. “Tornei-me mais humano e responsável”, admite com orgulho.É devido a este conjunto de factores que muito gosta de passar o seu tempo no centro. Tornou-se voluntário e assistia diariamente “ao esforço que é feito para proporcionar algum bem-estar aqueles que pouco têm”. Criou nele próprio o desejo de cá trabalhar para provar a si mesmo que também consegue ajudar quem precisa. Depois de algum tempo como voluntário, o Centro propôs-lhe um estágio através do Programa “Vida Emprego”. Desde o início do ano que trabalha na manutenção do Centro. E pode assim contribuir diariamente para ajudar os outros, regressando todos os dias a casa com o sentimento de dever cumprido. “Sinto-me outro homem”, diz-nos sempre com agrado. 

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