Aprender a ser cidadão. Parece
simples… mas para pessoas numa situação fragilizada como as que estão na Casa
Jubileu 2000, é uma mais-valia trazer a debate estas questões de cidadania. Foi
isso que as voluntárias Manuela Carmona e Berta Figueiredo, professoras durante muitos anos, fizeram para os residentes.
Manuela Carmona começa a
formação falando do património automóvel de Cristiano Ronaldo. Estranho?
Talvez. E depois segue-se a pergunta: “Quem gostaria de estar nesta situação?”
Vêem-se alguns braços no ar… Manuela responde: “Eu, como cidadã do mundo, teria
vergonha de estar nesta situação”. E é este facto curioso que serve de primeiro
passo para Manuela falar da má distribuição da riqueza mundial.
Daqui parte-se para
outros assuntos demográficos a nível Mundial até se chegar finalmente à
situação portuguesa. Fala-se da diminuição da natalidade, do envelhecimento da
população, do aumento da imigração… até do Governo português e do estado frágil
do nosso sistema de Segurança Social.
Mais ou menos informados,
os interlocutores vão respondendo às perguntas das professoras. Mas o objetivo
aqui é mais amplo: “pretendemos integrar e responsabilizar todos sobre o papel
de cada um na sociedade atual: quais os seus direitos e os seus deveres”,
afirma Manuela.
Berta Figueiredo destaca
ainda a importância de todos os intervenientes serem “cidadãos mais conscientes
e com um maior conhecimento da realidade a que pertencem” e considera que “a
ignorância é inimiga da cidadania e da democracia” e que “ A informação é poder".
O público-alvo desta
formação deixou as formadoras satisfeitas: “não é a primeira vez que estamos aqui e, já sabia que os residentes, embora sendo pessoas fragilizadas, são
em alguns casos, pessoas cultas e interessadas em saber mais”, admitiu Berta.
Para Manuela o grupo
pareceu-lhe bastante heterogéneo, havendo “desde os muito bem informados até
àqueles alheios ao mundo que está à sua volta”. Manuela Carmona explicou a situação económica de Portugal. “Fiz o que pude para
"puxar" por eles (…). Será que tomaram consciência da nossa situação
económica e da responsabilidade que lhes é pedida? A avaliação o dirá... E a
mudança de paradigma de vida também”, salienta a professora.
Berta ressalva ainda que
“numa sociedade em crise torna-se urgente fomentar a Cooperação. Perante as
dificuldades há que agir em prol de uma mudança para melhor”.
A intenção do Centro e
das formadoras é que estas aulas continuem sem que haja grande espaçamento
temporal entre elas. Como fez questão de focar Manuela: “É preciso dizer-lhes
como disse Abraham Lincoln em carta dirigida ao professor do seu filho (e que
lhes foi entregue) - «Professor, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais
do que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho
contra todos» ".